domingo, 25 de março de 2012

A viagem dos sonhos

Por um instante, não usarei vestes de luta. Pendurarei capa e chapéu.
A lança e o escudo, encostarei em um canto qualquer.
Abrirei mão das máscaras de ferro e andarei nua sob o luar.
Deixarei a brisa bater no rosto, o vento esvoaçar os cabelos...
Sentirei a areia na sola dos pés e a água do mar lavar minha alma...
Estenderei as mãos e tocarei o infinito.
Sem pudor, sem temor, sem perguntas e nem respostas.
Apenas com uma gana imensa de abraçar a vida.
Com a boca cheia d'água, sentirei o gosto do mundo..
Degustarei o planeta e depois lamberei os dedos de satisfação.
Farei dos gemidos uma música, dos sussurros poesias, dos passos um balé e das gargalhadas sinfonia.
Com as lágrimas, me banharei.
Com os espinhos, farei canteiros.
Dos cacos, colarei mosaicos.
Com as pedras, construirei degraus.
E, nos buracos, esconderei tesouros.
Carregarei quem eu quiser comigo.. posso escolher a companhia de jornada.
Fecharei os olhos e viajarei até o Japão.
No caminho, sem cercas e sem limites, não haverá placas também.
Fecharei os olhos... e sorrirei... um sorriso tão largo que quase engolirei a terra...
Matarei minha sede nas Cataratas do Iguaçu...
Desbravarei as fronteiras num estalar de dedos.
Darei a volta ao mundo num barquinho de papel...e o carregarei na palma da mão.
Talvez faça dele pingente para pendurar em um colar.
Se cansar, pararei... e repousarei em nuvens acompanhada por anjos...
Pendurar-me-ei na cauda de um cometa...
Viajarei até a lua e debruçarei sobre ela..
Do alto, observarei o vai e vem da vida.
Depois de dançar com São Jorge e pisar na cabeça do dragão, pendurarei-me na corda do meu pensamento e voltarei nas asas da minha imaginação.
Na chegada, vestirei a roupa, pois são necessários ritos.
Trarei uma relíquia da jornada e guardarei, em uma caixa, o mapa da viagem. 
No rótulo, a inscrição: Aqui há sonhos, porque aqui há vida.




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