segunda-feira, 5 de março de 2012

Hoje, não levantei, mas me prontifiquei

Hoje é o mais importante dos dias. O melhor de todos. O mais esperado. Simplesmente porque é o que está ao alcance das mãos. O mapa da felicidade.

Já, o amanhã, esse não tem dono.

Hoje não levantei, mas me prontifiquei. Tão intensa quanto queda de cachoeira. Mas, mansa, feito filhote de onça pintada que acaba de ver a luz do dia.

Com gosto de suco de fruta refrescante em dia escaldante de verão. E ardente como língua queimada depois de capuccino à beira da lareira.

Uma mistura de tudo. Fisgada de faca bem afiada, curada com beijo de mãe.

Dor de barriga depois de fartura de doce de leite.

Vontade de lamber os dedos como quem quer mais.

Viagem para além da lua em foguete de fantasia.

Negra pérola rara em ostra escondida em profundezas.

Último resquício de água disputado com dromedários.

A mais sedutora das maçãs no pé.

Em busca da salvação. O resgate, a única chance, a melhor de todas.

Nem um pouco morna, nada de “mais ou menos”, de temor ou de pudor.

Entregue irrestritamente, eloquentemente.

Embriagada depois do mais disputado vinho, mas alerta como a hárpia majestosa.

Toque minucioso em pontos de acupuntura.

O Êxtase, o incomparável, o impensável...

Poesia de Fernando Pessoa, letra de Cartola, sinfonia de guitarra, pintura de Picasso, filme de Kurosawa, balé no Lago dos Cisnes...

Assim amanheci hoje. E quando o Amanhã se tornar Hoje também, tudo se repete.

Feliz Hoje para você.

Valéria Aguiar

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