Era ainda muito criança quando sonhei pela primeira vez em
me tornar uma jornalista.
No início, parecia a ideia genial para satisfazer o desejo da menina de estar
perto de sua paixão. O amor pelo futebol foi herdado do meu pai. Acho que
encontrei no Flamengo a melhor forma de ser cúmplice do meu velho. Eu sabia
tudo sobre o time, não perdia uma só partida e era inseparável do meu radinho
de pilha. Que fórmula incrível a menina que eu fui descobriu para estar perto
do homem mais importante de sua vida.
Quando fiquei mocinha, o presente que eu queria, era ir ao Maracanã
pela primeira vez. E como foi inesquecível aquele Flamengo3x2São Paulo, de
virada pelo Campeonato Brasileiro. Só que nessa altura, ao completar 12 anos, a
paixão já era minha também. E mais do que uma rubronegra, eu era uma “Ziquista”.
O Galinho de Quintino era o ídolo da minha vida. E a vontade de ser jornalista
já não era mais apenas uma estratégia para estar perto do que gostava. Nessa
ocasião, já era uma certeza: eu nasci jornalista.
Isso me exigiu adaptação. Precisava me preparar para o
desafio. E foi uma mudança atrás da outra. E como eu crescia em paralelo com a
minha vocação. Comecei a faculdade e logo, graças a uma prova, eu passara para
aquele que seria, naquela altura, o trabalho ideal: a Rádio Globo. Da redação
para o Departamento de Esportes seria um pulo. Mas, o caminho foi sendo trilhado
para outra direção. Ainda como estagiária eu já atuava como profissional.
Passei por várias editorias, menos de Esportes.
Entrevistei o Zico algumas vezes, mas, a essa altura, ser jornalista, já não
era mais apenas uma escolha apaixonada. Ser jornalista era minha vida, o meu
meio de subsistência e minha realização pessoal. A paixão pelo Zico continuava
perfumando a escolha e as pernas ficavam bambas sempre que eu o encontrava. Mas
a profissão era assunto mais sério agora, que envolvia outras paixões. E por
algumas delas, fui obrigada a abrir mão dos rumos que eu traçara para mim.
Sonhava ajudar a mudar o mundo com meu jornalismo sério e
sacramental. Imaginei-me nos lugares mais repugnantes, denunciando, retratando
e buscando soluções. Queria fazer a diferença na vida das pessoas e do meu
país. Mas, como fui educada pelo velho Seu Bebeto a ser responsável por minhas
escolhas, me vi diante da condição de resignar-me e aceitar a vertente do
jornalismo que, até então, era a que menos me seduzia. A liberdade da escolha, exige a responsabilidade das consequências.
Tenho orgulho de ter me tornado Assessora de Imprensa, de
ajudar a divulgar empresas e projetos que para muitos fazem a diferença. Quantas
famílias sustentadas graças a essas instituições e quantos projetos
desenvolvidos que semearam esperança na vida de tanta gente. E, assim, fiz a
diferença, principalmente, na vida dos meus três tesouros, que hoje são a minha
razão , a minha meta, a minha causa, a minha recompensa... E, ainda, de quebra,
graças ao suor do jornalismo que exerço, ainda pude fazer a diferença
na vida do meu filho do coração, que hoje trilha por caminhos dignos e que me
ajuda a por em prática o tal “amar ao próximo como a mim mesmo”.
Se eu amo o jornalismo? Se eu me orgulho da minha profissão?
É meu sacerdócio, é meu ganha pão, é o meio sagrado do qual posso promover os
sonhos dos que amo.... Se eu sou frustrada? Sou uma jornalista apaixonada que
reverencia seu trabalho como quem está diante de um sacramento.