sábado, 14 de abril de 2012

Escrevo, logo existo!


Escrever às vezes sangra
Descobre o curativo
Expõe a ferida
Expurga o que era imundamente guardado

Escrever às vezes chora
Esvazia a lixeira das lembranças
Põe de molho vestes encardidas
E desinfeta cantos angulares

Escrever às vezes sua
Exercita os músculos que faltam ao cérebro
Barras, pesos e esteiras fortalecem
E ajudam a carregar o mundo nas costas

Escrever às vezes ri
Sublinha as anedotas do dia
Transforma os tombos e piruetas em palhaçada
E faz da vida um picadeiro

Escrever às vezes sonha
Acordado, a cores, com começo, meio e fim
Se vai à lua ou à esquina, derruba muros, constrói pontes
Leva ao Japão ou para a cama

Escrever às vezes goza
Arrepia, mordisca, sussurra
Transforma o instante em eternidade
Faz de dois, um só. E de gemidos gritos de prazer

Escrever às vezes constrói
Transforma verbo em gente
Multiplica pães e peixes
E faz das pedras canteiros.

3 comentários:

  1. Val e suas lindas palavras... Parabéns! Esse é um dos muitos comentários q farei nesse blog direcionado a quem curte uma boa literatura.

    ResponderExcluir
  2. Excelente fonte! Beleza, Valéria.
    Abraços
    Gustavo Gomes de Matos

    ResponderExcluir
  3. Nossa Valéria!!!! Que lindo!!! Me vi escrevendo. Minhas alegrias, meus desabafos com Deus, minhas tristezas, dores e orações. Beijos! Margareth

    ResponderExcluir