quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A AMPULHETA


Será por conta do signo, já que capricornianas são pura razão? Ou por força do ofício, já que jornalistas precisam entender sobre o que escrevem. Mas, na verdade, não gosto de fazer nada sem saber o seu significado... não gosto de fazer nada mais ou menos... não me entrego a nada sem intensidade... não me lanço a evento algum sem entender o quê ele pode fazer de diferença para mim ou para outrem.
Deparo-me, então, com a chegada do Réveillon. Apenas mais uma festa? Algo efêmero, fugaz e sem maiores conseqüências? Ou realmente uma oportunidade de evolução, aperfeiçoamento, crescimento...???
Por via das dúvidas, prefiro entender e vai que... quem sabe dessa festa eu não tiro algum proveito, no bom sentido da palavra? Já é sabido que a palavra de origem francesa Réveillon, oriunda do verbo réveiller, significa despertar. No Ocidente, a festa do Réveillon costuma ser comemorada com fogos de artifício, brindes, confraternização, principalmente à beira-mar.
Então, eu me pergunto: Para quê eu pretendo Despertar nesse Réveillon? O que eu estarei brindado à meia-noite? A explosão e o colorido dos fogos estarão anunciando que tipo de passagem em minha vida?
É o ano velho que estará se despedindo para mim na hora da virada ou o novo que estará dando o ar de sua graça? O que terá peso maior? Se os últimos 365 dias foram marcantes e positivos, certamente, eles se despedirão deixando rastros a serem seguidos no vindouro. Mas se, ao contrário, eles ficarão na minha história como uma daquelas páginas a serem viradas no livro da vida, que eu pretende não rele-la no futuro, que venha o novo e aguardado ano.
Teria o Réveillon o poder real da passagem ou seria ele mais um truque do Senhor Tempo para manipular a raça humana? Na dúvida, eu prefiro me agarrar à esposa do Tempo, a Dona Sabedoria, e mendicar dela um pouco de seu entendimento...
Será que quando o Papa Gregório XIII criou o Calendário Gregoriano a 24 de Fevereiro de 1582 ele promulgou também o poder que as datas teriam na nossa vida?
Será que o intervalo de tempo em que a Terra demora a dar uma volta completa em torno do Sol, chamado de ANO, ou os 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos aproximadamente, têm mesmo a Mística de fazer mudanças em nós e no mundo?
Será que dar sete pulinhos nas ondas, comer sete sementes de uva, usar roupas de determinadas cores, comer lentilhas ajudam mesmo a reforçar os desejos que temos para o novo ano?
Como diria Sócrates, “eu só sei que nada sei”. Mas, se tem uma coisa que eu acho mesmo que sei, é que a mística está na determinação, na vontade, na persistência... Se quero, busco. Se almejo, vou ao encontro. Se creio, luto.
O que entendo da expressão “ser imagem e semelhança de Deus” é esse poder e liberdade de escolher o meu caminho e caminhá-lo.
Acredito, sim, que os ritos são necessários, como afirma Saint Exupéry, no seu clássico O Pequeno Príncipe. Rito “é o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas”. Sim, os ritos nos ajudam a preparar o coração para a tão aguardada chegada...

Portanto, nesse Reveillon, usarei minha roupa branca com estampas em rosa, amarelo e verde... Estarei perto do mar... Brindarei e congratularei com os meus... Quando os fogos explodirem, meus planos estarão selados e desabrocharam em mim a partir daquele momento. Até lá, já os terei todos anotados para que não se percam....
Preparei meu coração como quem espera por uma grande visita. Farei uma faxina caprichada. Jogarei fora mágoas, ressentimentos, frustrações, melancolia... porque sei que o que almeja não se mistura a esse tipo de lixo. Então, com a casa arrumada, limpa e aberta, receberei o Novo Ano. Como uma virgem a ser desposada.
Venha, 2012. Estou pronta para ser toda sua. Nas mãos de Deus, coloco a minha ampulheta.
Tim, Tim.

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