segunda-feira, 21 de maio de 2012

À flor da pele e em carne viva....


Não procurava culpados, nem mártires... não apontava carrascos, nem santos.... não precisava de mais dogmas, nem de visões apocalípticas... não ansiava por conto de fadas, nem muito menos queria descobrir o quê havia no final do arco-íris... não sonhava com príncipes, nem pretendia beijar sapos... não almejava ser canonizada ou entendida.... não se importava que a xingassem, nem que a ignorassem...  queria tão pouco!!!!
A paz que precisava estava no direito de ir aonde seu coração mandasse... ser escrava somente dele.... a realização que desejava estava em amar sem dosador... abrir mão da fita métrica, da balança e do termômetro... Seu peso e sua medida não estavam no amor que pudesse receber, mas no direito e no dever de se esfolar por inteira por quem ama, de sentir todo o sentimento que há no mundo, mesmo que custasse a carne viva....
Queria experimentar o gosto do mundo, pelo preço que fosse justo. Tinha uma fome devoradora de vida... tinha pressa. Não tinha tempo a perder... “vou ali e já volto”, mesmo que não voltasse mais, iria... e não duvidava que a estrada fosse longa... e não temia que houvesse pedras, contando que fossem jogadas somente nela e não nos seus. Ter a faca no pescoço não a intimida, até porque já teve e para sempre estará cravada na sua jugular...
Só temia lavar as mãos. A crise que a abalava era a da inércia. Era aquela que caminhava e buscava sempre... Levava apenas uma pochete cafona, mas que cabia todo o amor que houvesse no mundo... A força que precisava estava no fruto das suas entranhas... não precisava se dividir para amar, mas se multiplicaria sempre pelo infinito do seu amor.
Tudo só faria sentido se olhasse para trás e visse que brotaram flores por onde andou... não sabia o tempo que duraria a jornada, mas desejava que fosse o suficiente para escrever uma história honesta e digna... que honrasse e fizesse valer o sacrifício dos seus pais... que inspirasse e orientasse os passos dos seus filhos e que servisse de expiação e reparação para suas faltas...
Tudo o que queria da vida era o direito de viver de verdade, com todos os exageros, discrepâncias, incoerências, ousadia e metáforas que sua condição de criatura permitisse....
Deixar sangrar, pois em último caso, o sangue poderia matar sua sede....

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